quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Um trecho que não pude evitar de postar.























Definitivamente Bukowsky veio a ser minha primeira e uma das minhas grandes influências quando comecei a dar os primeiros passos dentro daquilo que posso chamar de literatura vindo da minha parte. Fortes e belas palavras, de um gênio que nunca se importou com isso, ah, um FODA-SE pra terminar o post. 




Crônicas Infernais #1 - Um algo que ali me perturbava insuportável






























Passada era à meia noite, vazia rua, baixo movimento naquela qual julgava, a cidade de um infernal paraíso, dita cidade que no vulgo era vilarejo, afinal, já passavam-se oito anos vivendo ali, desprovendo-me de muitas perspectivas de uma eventual mudança de ares repentina. Eu estava trabalhando, não haviam muitas pessoas as quais pudessem, por um instante, inibir explícita e imediata sensação de desespero e solidão ao ir-me para uma casa onde utilizavam para guardar estoques de mercadoria, de má fama decorrente de boca em boca por azarados funcionários que tiveram de pernoitar e adentrar o recanto assombrado em expediente. Fui vigilar, certificar-me de nada estranho ocorrente e jamais submeti-me aos caprichos de falácias sobre o fantástico mundo dos mortos, são impressionantes em livros, ou filmes, ou como, teoricamente, é de muitas alheias preferências...  A meu ver, nada daquilo realmente me causava mero lapso sequer de comoção.  Não porque fosse dotado de frio e antipático ceticismo, pelo contrário, convivia à presença do vislumbre disso, desde a infância, e nada pareceu-me, em momento algum, com as cenas descritas semelhante. Eis que invadira-me carrasco um frio no peito, um arrepiar anormal em pleno clima seco, e de ar parado, a sensação de algo acompanhar-me os passos indistintamente, de perseguir-me, não atrás de mim, dentro de mim, seria talvez, a melhor expressão a qual poderia eu utilizar para aquilo que me dispus, muito que indisposta e brevemente a ver. Nada mais fazia sentido, incogitável permanecer o mesmo, depois àquela grotesca e bizarra aparição, por dentre sombras de um espaço deprimente, percebia o vibrar de uma segunda presença, tal era o suposto demoníaco observar, o zelo inverso, obsessivo, e desconfortável, corri às pressas, era impossível manter-me ali por mais um minuto sequer, algo sufocava-me sem tocar-me em qualquer parte de meu corpo, fragilizado por tamanho e iníquo estranhamento. Fechei os portões, pesadas grades de metal, havia esquecido-me aliás, de acorrentar com cadeado, apressei o passo, e antes de poder afastar o suficiente para que fosse dado um suspiro de misericordioso alívio, uma gargalhada pude escutar, recaindo sobre minha incerteza ainda tentando se apoiar em algum argumento plausível...  jamais retornei àquele local em meus expedientes, com a mesma empáfia.  





quarta-feira, 18 de julho de 2012

18 de Março




arrepios crocitam às alcovas do horror,
grotesca fizera-se, a risonha face das trevas
clamando pois, impiedosas, pelo assassínio d' alma
em angústia submersa, ao gelível negro mar de desespero,

abruptamente desperta, num espasmo horrorizada,
à mente fugitiva, e que no assíduo delírio fora afogada...
respirando discórdia, às lamúrias insanas, distorcendo a realidade,
à solitária misteriosa noite, lhe provendo uma estranha terna falsidade;

aterradores impulsos imperam, não os podendo controlar,
na aspereza à situação, se fazendo conjurar,
impedido à inércia, embebido à força, pelo fél do medo,
contemplando o insano tempo respirar... suspirar açoites...

figuram-se aos cantos, sombras, notados espantos,
pesadelos estes tais, tantos são... imitando os prantos...
lágrimas, licores se tornam,
à festa destes, vís assombros, que em taças as entornam...
levemente, assolam libidinosos as garras à pele do pescoço;

e uma sinistra valsa retumba do oculto semblante penumbroso,
do horizonte provinda, o enigmático negrume tenebroso...
jaz meu zelo, ao meu medo... grilhões se arrastam,
os ouço, não se afastam...
sussurros cansados... gritos de ódio inimagináveis;

repentinos intrusos riem-me, palhaços deformados,
terrorosas faces, que a porta destroçaram,
tamancos de espadas, pois bastardos usaram,
ao compassarem sob meus espirituais restos, tombados...
fronte o espelho, sangue e lágrimas se esvaem,
confabulo mil prognósticos deste eu contemplado,
cuja interna e brutal besta, a carne rompeu... gritado,
legara o estilhaçar por meus demônios quais, não mais caem!

desolados campos percursados inebriam,
névoas em ofuscados mosaicos, o tempo todo os recriam...
vagar de encontro ao hediondo torpor, a mim perante,
mergulhar no terror mortal, doce e audaz farsante,
detrás tal face, o nefasto sacrilégio escondendo...
torturam-me os internos partidos cacos... e assim sendo,
eis tal noite insã, meu amargo ópio do pesadelo imponderável,
o deparar... com esse macabro sorriso da atroz escuridão infindável.





Numa listagem de todos os poemas mais macabros que pude eu conceber até então, eu acredito que este deva ser o segundo mais sinistro de todos.
Não é, inicialmente, um poema gótico apelativo, como os que encontramos em muitos lugares, falando de morte, e morte e loucura, depressão, tristeza ou seja lá o quê, sem dar a cada ínfima palavra, o seu devido valor poético. Na verdade, essa poesia foi concebida com muita dor, amargura, ódio, e principalmente, o sentimento que eu acredito ser o mais terrível e inebriante de todos... O RANCOR!!!! Numa noite de insônia, e particularmente, um tanto alcoólica, onde sequer eu me dispus a estabelecer quaisquer métricas, divisões silábicas, ou seja o que mais... eu lembro de ter pressentido muitas energias nefastas ao meu redor, quando o fiz, e creio de certa forma, ter em parte sido de uma autoria realmente além de mim - não que eu leve isso muito a sério. o título, cá pra nós, completamente misterioso, faz jus ao dia em que se havia alguma esperança na humanidade, em tentar eu, poder crer em alguma sinceridade mundana que não a minha, de crer no amor, que eu sempre detestei que o proferissem em vão, ou no ideal, e aliás, conseguir outrossim confiar em seu próprio sangue, morreram todos! esmagados por uma enxurrada de podridão e transtornos morais e espirituais. Não só isso, esse poema retrata a extremidade que pude eu chegar, até as impressões mais abstratas e assustadoras da minha mente até àquela época. Pode não ter sido um poema que gerou muitos comentários, elogios, que merda for, tampouco agradou aos idiotas acostumados com literatura "água com açúcar", mas definitivamente, para o autor, que é o que mais tem propriedade pra falar de uma obra sua... esse poema é fantástico e arrebatador dos maiores suspiros e os mais terríveis arrepios.




Lobisomem






desperto rompente uivo,
silêncio molestado,
prata ruivo,
à lua, pelagem ouriçada,
um tendão mais,
rompido,
mordido,
um bom cristão alcançado...

...que tornado à tortura,
temente tivera,
sua carne abatida
às garras duma fera,
impiedosa inclemente,
de repente
em que dera,
um passo a mais à redoma
de sombra
e horror!

ensanguentado focinho,
mordaz maldição,
rasgado é o linho
da roupa,
perante
sua mutação,
um errante diabo,
encarnado num cão.

ligeiro, mortal,
face à sede do mal,
a gritar
insanamente,
a contemplar-se
irracional,
farejando ferozmente,
sua presa ao bréu total.

seja humano, seja ovelha,
no pecado, ou retidão,
enriquecido,
endividado,
de saber, não faz tal menor questão...
badala, da igreja, o sino,
um bradar lupino,
jovem noite ainda toma, à sua excomunhão.

caçadores desimados,
manualmente mutilados,
seu batismo, o fez em sangue,
forjado
em ódio e fúria,
provindo de tanta injuria,
afastado;
à cidade volve, em vingança,
embrutecido enfurecido,
à sua diversão, como criança...


Cara, inicialmente essa é a segunda parte, duma série de poemas conceituais meus abordando o tema dos lobisomens e dos licantropos, a terceira e ultima ainda não escrevi mas logo creio que terei disposição pra fazer a coisa mais assustadora e mais foda que o mundo da poesia já teve... sinceramente, eu não ligo aos que torcem o nariz pra poemas assim como os meus, sem sentimento tipicamente humano, e abordando UM TEMA, algo específico como a lenda dos lobisomens, que de certa forma, existe em todo o mundo com infindáveis peculiaridades... essa versão em especial, é a minha maneira de narrar a lenda, de encarnar e atribuir a tudo, meu próprio estilo. Na real, nenhum poema de amor seria tão legal quanto, e tampouco tão expressivo como algo a respeito disso, e também, se me conviesse, conseguiriam atingir a mesma profundidade que pode alcançar esse tipo de poesia, e é, aliás, o que vai ser visto no terceiro poema.




sábado, 30 de abril de 2011

Sete lágrimas



mil motivos para me revoltar,
mil motivos para gritar de angústia,
mil motivos para eu achar-me um idiota,
mil outros motivos para eu querer ir embora,

sete lagrimas,
uma por dia
até o sol envolver as trevas de tudo à volta,
onde o barco mudará sua rota;
morte aos idiotas!
vida aos inteligentes!
um foda-se para todos!

sete lagrimas,
sete sonhos,
sete estrelas morrendo ao rosto,
brilhando sob a escuridão da noite...
uma bela revolta...! consigo mesmo e com o mundo,
uma fortaleza de respostas agressivas,
e de verdades ansiando por sair da boca,
que muitos ouvidos temem ouvir,

parta como um lobo solitário,
ou seja um coelho dentro de uma alcateia,
estando bem ou mal...
à madrugada é vazia...
essa merda de dia perfeito
não fora perfeito...!
- nem deve ser lembrado!
só em um quarto,
tentando chorar, e disso impossibilitado,
sobe o sangue aos olhos,
nada, ninguém compensa...

a não ser, ouvir "six hours" de Alice Cooper,
a não ser, fumar e ver a lua se ocultar no céu,
a não ser, esperar a alvorada em meio às trevas,
a não ser, aguardar... de olhos inquietos fechados...



Poema antigo, de 2009... quando nem me empenhava nisso, fazia muitas vezes por mero fazer...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Drogado de tristeza


drogado de tristeza,
esse sentimento é um lixo,
e tal poema merda será,
desimporto-me do quão durará,
minha narração de extrema baixeza...

o dia foi uma bosta,
a vida é realista,
não existe mais fumo que console,
por mais que eu insista,
é dificil sempre ser como o mundo gosta...

impossível sempre fora a humana perfeição,
nego amarelos sorrisos, à minha tácita feição,
veja o que sou, como estou!
fita meu falso cinismo
mascarando toda a grande interna escuridão!

e vá se foder se não estou-lhe agradando,
não cago lindas frases todo tempo,
assola a depressão flagelando
minha sentimental razão,
na nociva conseqüência da tristeza... da franqueza...



Esse poema foi feito um tempo atrás, não foi feito pra ser bonito, nem nunca será... kkkk Então, FODA-SE...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Poeta das sombras


que com seus versos,
singelos, complexos, se mostre a verdade,
à face da escuridão
brilha a lágrima dos olhos tristes,
ingênuos, sujos, não importando mais
quão mostre-se o horror
de beleza simbólica
ante a estupidez
da inebriante santidade, ou qualquer farsa diabólica...

palavras são armas,
que fizeram um mundo!

marionetes somos todos,
vítimas hipócritas, carrascos passionais,
nossas próprias masmorras de ilusões, medos, anseios;
o que nós somos?
senão poeira, diante dos desígnios,
incertos, loucos;
conseqüência de passados nossos,
imateriais feiches do presente desenterrados à cadeia do tempo,
sob a realidade mental doentia, cinza impiedosa...

palavras são armas,
que fizeram um mundo!

tumidas trevas vivas, adentram um coração
gélido,
luzindo opaco
à sua ausência de face,
senão
somente, a da escuridão
num enlace
do olhar, distante à lua,
no mar, as animadas criaturas,
e montanhas, o universo que acentua
seu inato obscuro existir consciente...
ansiando fugir, à realidade torpe e deprimente...

palavras são armas,
que fizeram um mundo!

à clara noite
marencórios olhos, avistaram,
diante das fantasias,
possiveis fugas, que ofertaram
férteis sombras,
tais quais à oculta penumbra
sempre a alguém virão...




enfim... esse poema me traz boas lembranças, huehuehue