quarta-feira, 18 de julho de 2012

Lobisomem






desperto rompente uivo,
silêncio molestado,
prata ruivo,
à lua, pelagem ouriçada,
um tendão mais,
rompido,
mordido,
um bom cristão alcançado...

...que tornado à tortura,
temente tivera,
sua carne abatida
às garras duma fera,
impiedosa inclemente,
de repente
em que dera,
um passo a mais à redoma
de sombra
e horror!

ensanguentado focinho,
mordaz maldição,
rasgado é o linho
da roupa,
perante
sua mutação,
um errante diabo,
encarnado num cão.

ligeiro, mortal,
face à sede do mal,
a gritar
insanamente,
a contemplar-se
irracional,
farejando ferozmente,
sua presa ao bréu total.

seja humano, seja ovelha,
no pecado, ou retidão,
enriquecido,
endividado,
de saber, não faz tal menor questão...
badala, da igreja, o sino,
um bradar lupino,
jovem noite ainda toma, à sua excomunhão.

caçadores desimados,
manualmente mutilados,
seu batismo, o fez em sangue,
forjado
em ódio e fúria,
provindo de tanta injuria,
afastado;
à cidade volve, em vingança,
embrutecido enfurecido,
à sua diversão, como criança...


Cara, inicialmente essa é a segunda parte, duma série de poemas conceituais meus abordando o tema dos lobisomens e dos licantropos, a terceira e ultima ainda não escrevi mas logo creio que terei disposição pra fazer a coisa mais assustadora e mais foda que o mundo da poesia já teve... sinceramente, eu não ligo aos que torcem o nariz pra poemas assim como os meus, sem sentimento tipicamente humano, e abordando UM TEMA, algo específico como a lenda dos lobisomens, que de certa forma, existe em todo o mundo com infindáveis peculiaridades... essa versão em especial, é a minha maneira de narrar a lenda, de encarnar e atribuir a tudo, meu próprio estilo. Na real, nenhum poema de amor seria tão legal quanto, e tampouco tão expressivo como algo a respeito disso, e também, se me conviesse, conseguiriam atingir a mesma profundidade que pode alcançar esse tipo de poesia, e é, aliás, o que vai ser visto no terceiro poema.




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